Guerra entre Israel e Hamas traz riscos de aumento de custos ao setor agrícola, dizem especialistas em comércio internacional

Ainda recuperando-se do aumento de preços ocasionado pela guerra entre Rússia e Ucrania, setor agrícola deve sofrer com possível nova alta de preço dos fertilizantes de origem israelense, ocasionada por diminuição na oferta internacional.

Neste sábado (7), o grupo extremista islâmico armado Hamas bombardeou Israel em um ataque surpresa considerado um dos maiores sofridos pelo país nos últimos anos. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que seu país está em estado de guerra.

Assim como ocorrido com a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia, o conflito no oriente médio deverá impactar diversas áreas do comércio internacional, incluindo o setor de fertilizantes.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (“MDIC”), cerca de 91% de todas as importações de origem israelense realizadas entre janeiro e setembro de 2023 são de fertilizantes NPK – fertilizantes à base de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), os quais o Brasil possui forte dependência de produtores internacionais.

Dentre eles, destacam-se o Cloreto de Potássio (“KCL”), um dos fertilizantes mais utilizados pelo Brasil. O produto químico representa cerca de 53,7% das importações de Israel ao país em 2023.

O Cloreto de Potássio é o fertilizante mais importado pelo Brasil. O produto é voltado para o plantio de diversos produtos agrícolas, dentre eles a soja, o milho, o algodão e o café.

Ainda de acordo com dados do MDIC, a demanda brasileira em 2022 foi de cerca de 11 milhões de toneladas do fertilizante, sendo que não há produção nacional relevante no Brasil para satisfazer o consumo interno – produz-se apenas meio milhão de tonelada do produto internamente, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (“ANM”).

Israel, por sua vez, ocupa o 3º lugar de maior fornecedor brasileiro do produto químico, sendo responsável por cerca de 10% da demanda brasileira em 2022, ou, em números absolutos, cerca de 1,1 milhões de toneladas do produto.

O país sedia a empresa Israel Chemical (ICL), a 7ª maior empresa de fertilizantes do mundo e uma das maiores fornecedoras brasileiras de KCL. Localizada em Tel Aviv, a empresa corre o risco de ter sua cadeia de fornecimento afetada pelo conflito em andamento. Atualmente, o país encontra-se em estado de guerra, com reservistas sendo chamados ao conflito e cidades ao Sul do país ocupadas por extremistas.

De forma semelhante ao que ocorreu com a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrania, o produto poderá ter uma alta de preços de maneira momentânea ocasionado pelo desbalanço da oferta no mercado internacional.

Antes do início da guerra russa, em 2021, o Cloreto de Potássio tinha um preço médio de US$ 324,63 por tonelada. Esse preço, no entanto, chegou a disparar com um aumento aproximado de 157,5% em 2022, atingindo o preço médio de US$ 835,80 por tonelada.

Em 2023, até o momento anterior ao início do conflito em Israel, o produto conseguiu recuar cerca 42,5% do preço alcançado durante o ano de 2022, registrando um valor médio de US$ 480,19 por tonelada. Tal preço, no entanto, ainda é 47,9% superior ao patamar anterior à deflagração da guerra na Ucrânia.

Abaixo, demonstra-se dados de preço médio do produto com o passar dos anos:

Captura de Tela as
Fonte: Comexstat/MDIC. Elaboração: Barral Parente Pinheiro Advogados.

Assim, caso confirme-se o movimento de retração da demanda com o recente conflito israelense, será possível observar novamente um cenário momentâneo de variação de preço com o objetivo de suprir a demanda nacional.

Abrahão Fecury, advogado especialista em Direito Internacional do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados e pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional, aponta que a tendência é de que o setor passe por momentos de turbulência semelhantes ao ocorrido em 2022, mas em menores proporções:

“Apesar do risco da diminuição da oferta do insumo no mercado internacional, a tendência é de que ocorra uma elevação dos preços dos fertilizantes à base de Cloreto de Potássio por conta da representatividade de Israel no abastecimento brasileiro, mas em menor nível do que o fenômeno observado com o conflito russo, que foi responsável por cerca de 31% do abastecimento brasileiro em 2022.”, diz o advogado.

No entanto, tal risco não deve ser ignorada pelos empresários do setor: “tem-se uma preocupação básica: o aumento do preço dos insumos agrícolas utilizados no setor agrícola brasileiro inevitavelmente impacta no preço do produto agrícola destinado para a exportação como para ao consumidor final brasileiros”, de acordo com Fecury.

Guerra entre Israel e Hamas traz riscos de aumento de custos ao setor agrícola, dizem especialistas em comércio internacional

Ainda recuperando-se do aumento de preços ocasionado pela guerra entre Rússia e Ucrania, setor agrícola deve sofrer com possível nova alta de preço dos fertilizantes de origem israelense, ocasionada por diminuição na oferta internacional.

Neste sábado (7), o grupo extremista islâmico armado Hamas bombardeou Israel em um ataque surpresa considerado um dos maiores sofridos pelo país nos últimos anos. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que seu país está em estado de guerra.

Assim como ocorrido com a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia, o conflito no oriente médio deverá impactar diversas áreas do comércio internacional, incluindo o setor de fertilizantes.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (“MDIC”), cerca de 91% de todas as importações de origem israelense realizadas entre janeiro e setembro de 2023 são de fertilizantes NPK – fertilizantes à base de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), os quais o Brasil possui forte dependência de produtores internacionais.

Dentre eles, destacam-se o Cloreto de Potássio (“KCL”), um dos fertilizantes mais utilizados pelo Brasil. O produto químico representa cerca de 53,7% das importações de Israel ao país em 2023.

O Cloreto de Potássio é o fertilizante mais importado pelo Brasil. O produto é voltado para o plantio de diversos produtos agrícolas, dentre eles a soja, o milho, o algodão e o café.

Ainda de acordo com dados do MDIC, a demanda brasileira em 2022 foi de cerca de 11 milhões de toneladas do fertilizante, sendo que não há produção nacional relevante no Brasil para satisfazer o consumo interno – produz-se apenas meio milhão de tonelada do produto internamente, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (“ANM”).

Israel, por sua vez, ocupa o 3º lugar de maior fornecedor brasileiro do produto químico, sendo responsável por cerca de 10% da demanda brasileira em 2022, ou, em números absolutos, cerca de 1,1 milhões de toneladas do produto.

O país sedia a empresa Israel Chemical (ICL), a 7ª maior empresa de fertilizantes do mundo e uma das maiores fornecedoras brasileiras de KCL. Localizada em Tel Aviv, a empresa corre o risco de ter sua cadeia de fornecimento afetada pelo conflito em andamento. Atualmente, o país encontra-se em estado de guerra, com reservistas sendo chamados ao conflito e cidades ao Sul do país ocupadas por extremistas.

De forma semelhante ao que ocorreu com a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrania, o produto poderá ter uma alta de preços de maneira momentânea ocasionado pelo desbalanço da oferta no mercado internacional.

Antes do início da guerra russa, em 2021, o Cloreto de Potássio tinha um preço médio de US$ 324,63 por tonelada. Esse preço, no entanto, chegou a disparar com um aumento aproximado de 157,5% em 2022, atingindo o preço médio de US$ 835,80 por tonelada.

Em 2023, até o momento anterior ao início do conflito em Israel, o produto conseguiu recuar cerca 42,5% do preço alcançado durante o ano de 2022, registrando um valor médio de US$ 480,19 por tonelada. Tal preço, no entanto, ainda é 47,9% superior ao patamar anterior à deflagração da guerra na Ucrânia.

Abaixo, demonstra-se dados de preço médio do produto com o passar dos anos:

Fonte: Comexstat/MDIC. Elaboração: Barral Parente Pinheiro Advogados.

Assim, caso confirme-se o movimento de retração da demanda com o recente conflito israelense, será possível observar novamente um cenário momentâneo de variação de preço com o objetivo de suprir a demanda nacional.

Abrahão Fecury, advogado especialista em Direito Internacional do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados e pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional, aponta que a tendência é de que o setor passe por momentos de turbulência semelhantes ao ocorrido em 2022, mas em menores proporções:

“Apesar do risco da diminuição da oferta do insumo no mercado internacional, a tendência é de que ocorra uma elevação dos preços dos fertilizantes à base de Cloreto de Potássio por conta da representatividade de Israel no abastecimento brasileiro, mas em menor nível do que o fenômeno observado com o conflito russo, que foi responsável por cerca de 31% do abastecimento brasileiro em 2022.”, diz o advogado.

No entanto, tal risco não deve ser ignorada pelos empresários do setor: “tem-se uma preocupação básica: o aumento do preço dos insumos agrícolas utilizados no setor agrícola brasileiro inevitavelmente impacta no preço do produto agrícola destinado para a exportação como para ao consumidor final brasileiros”, de acordo com Fecury.