{"id":2485,"date":"2024-09-10T16:05:21","date_gmt":"2024-09-10T19:05:21","guid":{"rendered":"https:\/\/barralparente.com.br\/?p=2485"},"modified":"2024-09-10T16:05:22","modified_gmt":"2024-09-10T19:05:22","slug":"o-mecanismo-de-ajuste-de-carbono-na-fronteira-e-seus-impactos-no-brasil","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/barralparente.com.br\/eng\/o-mecanismo-de-ajuste-de-carbono-na-fronteira-e-seus-impactos-no-brasil\/","title":{"rendered":"O mecanismo de ajuste de carbono na fronteira e seus impactos no Brasil"},"content":{"rendered":"
O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da UE, iniciado em outubro de 2023, adiciona um custo ao carbono dos produtos importados para igualar com os produtos da UE. Parte do Fit-for-55 Package, busca reduzir emiss\u00f5es em 55% at\u00e9 2030 e alcan\u00e7ar neutralidade de carbono at\u00e9 2050.<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n O CBAM – Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, introduzido pela UE, \u00e9 uma medida regulat\u00f3ria que visa aplicar um pre\u00e7o sobre o carbono embutido em produtos importados, igualando-o ao pago por produtos similares fabricados na UE. Essa medida faz parte do Fit-for-55 Package, que objetiva reduzir as emiss\u00f5es de gases de efeito estufa em 55% at\u00e9 2030, em compara\u00e7\u00e3o aos n\u00edveis de 1990, e alcan\u00e7ar a neutralidade de carbono at\u00e9 2050.<\/p>\n\n\n\n O principal objetivo do CBAM \u00e9 combater a fuga de carbono, um fen\u00f4meno que ocorre quando empresas deslocam sua produ\u00e7\u00e3o para pa\u00edses com regulamenta\u00e7\u00f5es ambientais mais brandas, resultando em aumento de emiss\u00f5es fora da UE. Al\u00e9m disso, o CBAM incentiva outros pa\u00edses a implementarem pol\u00edticas de precifica\u00e7\u00e3o de carbono ou a descarbonizarem suas cadeias produtivas, ao inv\u00e9s de pagar pela emiss\u00e3o de carbono ao exportar para a Europa.<\/p>\n\n\n\n O CBAM entrou em vigor em outubro de 2023, com uma fase de transi\u00e7\u00e3o que exige que importadores relatem as emiss\u00f5es diretas e indiretas dos bens cobertos pelo mecanismo. Durante esse per\u00edodo, que se estende at\u00e9 2025, n\u00e3o ser\u00e1 cobrado nenhum ajuste financeiro, mas os dados coletados ser\u00e3o utilizados para ajustar e refinar o mecanismo. A partir de 2026, as emiss\u00f5es incorporadas nos produtos importados come\u00e7ar\u00e3o a ser tarifadas com base no pre\u00e7o do carbono do Sistema de Com\u00e9rcio de Emiss\u00f5es da UE (EU ETS).<\/p>\n\n\n\n O CBAM abrange produtos como a\u00e7o, cimento, alum\u00ednio, fertilizantes e eletricidade. Futuramente, mais setores poder\u00e3o ser inclu\u00eddos, conforme o mecanismo amadurece e a regulamenta\u00e7\u00e3o \u00e9 ajustada. As emiss\u00f5es ser\u00e3o calculadas com base nos valores padr\u00e3o determinados pela Comiss\u00e3o Europeia, considerando tanto emiss\u00f5es diretas quanto indiretas para certos setores. A partir de 2028, espera-se que a arrecada\u00e7\u00e3o do CBAM gere recursos significativos para a UE, embora o uso desses fundos ainda n\u00e3o tenha sido claramente definido.<\/p>\n\n\n\n A situa\u00e7\u00e3o atual do CBAM \u00e9 a seguinte:<\/p>\n\n\n\n Fases de implementa\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n Obriga\u00e7\u00f5es futuras<\/strong><\/p>\n\n\n\n Conformidade e relat\u00f3rios<\/strong><\/p>\n\n\n\n O impacto para o Brasil<\/strong><\/p>\n\n\n\n Embora a UE seja um parceiro comercial importante do Brasil, apenas uma pequena parcela das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras para o bloco \u00e9 afetada diretamente pelo CBAM. Os setores mais vulner\u00e1veis s\u00e3o a ind\u00fastria sider\u00fargica e o alum\u00ednio, que representam 92% e 3% das exporta\u00e7\u00f5es afetadas, respectivamente. Estimativas indicam que o Brasil pode ser um dos pa\u00edses mais impactados por esse mecanismo, principalmente se o CBAM for expandido para outros mercados, como Estados Unidos e Jap\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n O setor privado brasileiro, especialmente em ind\u00fastrias intensivas em energia, j\u00e1 est\u00e1 ciente da necessidade de priorizar a descarboniza\u00e7\u00e3o como uma estrat\u00e9gia urgente. As empresas brasileiras t\u00eam investido em tecnologias para reduzir emiss\u00f5es e em projetos que geram cr\u00e9ditos de carbono. A cria\u00e7\u00e3o de um mercado regulado de carbono no Brasil pode ajudar a mitigar os impactos do CBAM nas exporta\u00e7\u00f5es?.<\/p>\n\n\n\n Embora o CBAM tenha sido recebido com oposi\u00e7\u00e3o por v\u00e1rios pa\u00edses, incluindo o Brasil, estudos mostram que a medida pode gerar efeitos positivos para as EII – ind\u00fastrias intensivas em energia do pa\u00eds. Gra\u00e7as \u00e0 matriz energ\u00e9tica brasileira, que \u00e9 amplamente baseada em fontes renov\u00e1veis, como a hidreletricidade, e \u00e0 baixa intensidade de carbono dessas ind\u00fastrias, o Brasil pode melhorar sua competitividade. Uma an\u00e1lise recente mostra que a implementa\u00e7\u00e3o do CBAM pode resultar em um super\u00e1vit na balan\u00e7a comercial brasileira para produtos intensivos em energia, al\u00e9m da cria\u00e7\u00e3o de mais de 160 mil empregos.<\/p>\n\n\n\n No entanto, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de detalhamento em sua estrat\u00e9gia de descarboniza\u00e7\u00e3o industrial. A recente atualiza\u00e7\u00e3o da NDC – Contribui\u00e7\u00e3o Nacionalmente Determinada do Brasil, que visa reduzir as emiss\u00f5es em 50% at\u00e9 2030 e alcan\u00e7ar a neutralidade de carbono at\u00e9 2050, n\u00e3o especifica claramente como esses objetivos ser\u00e3o alcan\u00e7ados no setor industrial.<\/p>\n\n\n\n Preocupa\u00e7\u00f5es sobre competitividade e com\u00e9rcio internacional<\/strong><\/p>\n\n\n\n Embora o Brasil possa ter vantagens em termos de sua matriz energ\u00e9tica, h\u00e1 preocupa\u00e7\u00f5es significativas sobre o impacto do CBAM no com\u00e9rcio internacional. Estimativas da UNCTAD indicam que o a\u00e7o brasileiro pode enfrentar um imposto de US$ 3,3 por tonelada exportada para a UE, o que aumenta os custos para os exportadores e reduz a competitividade de produtos brasileiros no mercado europeu?.<\/p>\n\n\n\n Al\u00e9m disso, a possibilidade de que outros pa\u00edses, como Estados Unidos e Jap\u00e3o, adotem mecanismos semelhantes aumenta os riscos para o Brasil. Com cerca de 50% das exporta\u00e7\u00f5es de a\u00e7o brasileiro indo para os EUA e 30% das exporta\u00e7\u00f5es de alum\u00ednio para o Jap\u00e3o, a ado\u00e7\u00e3o de mecanismos semelhantes por esses pa\u00edses poderia ampliar os desafios comerciais para o Brasil?.<\/p>\n\n\n\n Caminhos futuros e oportunidades<\/strong><\/p>\n\n\n\n A capacidade do Brasil de adaptar suas ind\u00fastrias e adotar pol\u00edticas de descarboniza\u00e7\u00e3o ser\u00e1 crucial para manter sua competitividade no mercado global. Isso inclui n\u00e3o apenas o fortalecimento da regula\u00e7\u00e3o ambiental, mas tamb\u00e9m o investimento em inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas e a amplia\u00e7\u00e3o da oferta de cr\u00e9ditos de carbono. A transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica j\u00e1 est\u00e1 em andamento em algumas ind\u00fastrias brasileiras, e o sucesso dessa transi\u00e7\u00e3o determinar\u00e1 a capacidade do pa\u00eds de enfrentar os desafios impostos pelo CBAM e similares? em outros mercados.<\/p>\n\n\n\n O futuro do Brasil no com\u00e9rcio global de produtos intensivos em energia depender\u00e1 de sua capacidade de adaptar-se rapidamente a essas novas realidades e de alinhar suas estrat\u00e9gias de desenvolvimento \u00e0s exig\u00eancias de um mercado cada vez mais atento \u00e0s emiss\u00f5es de carbono.<\/p>\n\n\n\n ———————–<\/p>\n\n\n\n COMMISSION ADOPTS DETAILED REPORTING RULES FOR THE CARBON BORDER ADJUSTMENT MECHANISM\u2019S TRANSITIONAL PHASE. European Commission, 2023. Dispon\u00edvel em: https:\/\/taxation-customs.ec.europa.eu. Acesso em: 5 set. 2024.<\/p>\n\n\n\n THE EU\u2019S CARBON BORDER ADJUSTMENT MECHANISM. International Institute for Strategic Studies, 2024. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.iiss.org\/publications\/strategic-comments\/2024\/07\/the-eus-carbon-border-adjustment-mechanism\/. Acesso em: 5 set. 2024.<\/p>\n\n\n\n WHAT YOU SHOULD KNOW ABOUT CARBON-REDUCTION INCENTIVE CBAM. World Economic Forum, 2023. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.weforum.org\/agenda\/2023\/11\/what-you-should-know-about-carbon-reduction-incentive-cbam\/. Acesso em: 5 set. 2024.<\/p>\n\n\n\n ANALYSIS: SELLING CBAM \u2013 DIPLOMACY FOR THE EUROPEAN UNION’S CARBON BORDER ADJUSTMENT MECHANISM. [S. l.], 2024.<\/p>\n\n\n\n CBAM: CURRENT AND FUTURE OBLIGATIONS FOR IMPORTERS OF CERTAIN CARBON-INTENSIVE GOODS. [S. l.], 20 nov. 2023.<\/p>\n\n\n\n EVALUATING CURRENT EFFECTS OF UPCOMING EU CARBON BORDER ADJUSTMENT MECHANISM: EVIDENCE FROM CHINA’S FUTURES MARKET. [S. l.], 1 jun. 2023.PWC. The EU CBAM: Implications for Supply Chains.\u00a0[S. l.], [2023].<\/p>\n\n\n\n\n
\n
\n